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OPINIÃO: Não também é não no Carnaval

"Quanto riso, oh, quanta alegria!

Mais de mil palhaços no salão
Arlequim está chorando
Pelo amor da Colombina
No meio da multidão
Foi bom te ver outra vez
Tá fazendo um ano
Foi no carnaval que passou
Eu sou aquele Pierrô
Que te abraçou e te beijou, meu amor
Na mesma máscara negra
Que esconde o teu rosto
Eu quero matar a saudade
Vou beijar-te agora
Não me leve a mal
Hoje é carnaval"

A conhecida marchinha de Carnaval anunciava o beijo furtado. Pois já avisamos: beijo, em qualquer época do ano, só com permissão. Estejam cientes disso. Não usem desculpas esfarrapadas de excesso de bebida ou alegria exagerada. Levaremos a mal qualquer coisa roubada de nós. Nesse período de Carnaval, principalmente, temos a liberdade de dançar, usar a fantasia que quisermos ou irmos onde desejarmos. Nenhum abuso será permitido.

Podem chorar no meio da multidão, Arlequins. Os tempos são outros e não estamos mais submissas, aceitando qualquer tipo de ultraje. Pierrôs, fiquem atentos. Só avancem o sinal se as Colombinas disserem sim.

As recentes notícias de violências absurdas contra nós servem de alerta para meninas, mulheres e senhoras darem um basta. Não tolerem, não passem a mão na cabeça de meninos, homens e senhores que insistem em dizer que é 'mimimi'. Não é mesmo! Sejamos vigilantes! A permissividade de "pequenos" gestos de machismo no cotidiano pode levar a graves consequências.

Dados recentes apontam que, todos os dias, uma média de 12 mulheres são assassinadas no Brasil. São 4.473 homicídios dolosos, sendo 946 feminicídios, ou seja, casos de mulheres mortas em crimes de ódio motivados pela condição de gênero. Notícias de estupros vindos de familiares nos deixam indignadas. Quem deveria proteger também viola nossos direitos. Casos de repercussão nacional como da mulher que, gritando, apanhou por 4 horas seguidas, sem socorro imediato, deveriam nos abalar profundamente. Pois pasmem! Ainda ouvimos comentários a respeito da "postura da mulher": "mas também, nem conhecia o cara e levou para o apartamento!" ou "mas ele era bem mais novo do que ela". Pergunto: qual o medo ao contrário? Levar uma moça mais jovem para o apartamento de um homem mais velho? Que risco correm os homens em situação semelhante? Algum desses senhores receia ser morto ou agredido gravemente? Du-vi-do!

Notícias dolorosas de desacatos contra as mulheres de toda a ordem são diárias nas páginas dos jornais de ponta a ponta desse país. Então, se você encontrar alguma Colombina que bebeu demais, e não está com plena consciência na folia, não se ache no direito de passar dos limites. Qualquer violência pode e deve ser denunciada pelo número 180, a Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência. Ao mínimo sinal de atrevimento, peça socorro. Denuncie. Coloque a boca no trombone! Se preciso, suba no palco do baile, cante ou grite: não é não também no carnaval! Chega!

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